A Marinha de Israel interceptou e rebocou para o território israelense o barco de ativistas “Madleen”, que tinha como destino a Faixa de Gaza.
A Marinha de Israel interceptou e rebocou para o território israelense o barco de ativistas “Madleen”, que tinha como destino a Faixa de Gaza. A abordagem ocorreu após tropas israelenses embarcarem na embarcação que transportava 12 ativistas pró-Palestina, incluindo a conhecida ativista climática sueca Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel confirmou a ação, classificando o barco como um “iate de selfies de celebridades” e uma “provocação midiática cujo único propósito era ganhar publicidade”. Em comunicado, a pasta afirmou que “o ‘iate de selfies’ das ‘celebridades’ está a caminho das costas de Israel. Os passageiros devem retornar aos seus países de origem”. Não há relatos de feridos após a abordagem, e ainda não está claro onde os ativistas estão sendo detidos.
A Freedom Flotilla Coalition, organização responsável pelo barco, informou via Telegram que perdeu contato com a “Madleen” assim que soldados israelenses a abordaram. O grupo publicou uma série de vídeos pré-gravados dos ativistas a bordo, nos quais pediam ajuda a seus países de origem. Uma imagem divulgada pela Coalizão mostra passageiros usando coletes salva-vidas com as mãos para o alto, embora nenhum soldado apareça na foto. Outro vídeo mostra uma ativista com as mãos para cima e luzes brilhantes ao fundo.
Thiago Ávila, ativista brasileiro a bordo, havia postado um vídeo nas redes sociais na tarde de domingo relatando que alguém parecia estar bloqueando seus dispositivos de rastreamento e comunicação a cerca de 160 milhas náuticas de Gaza.
https://t.co/uORYQ5lZN6 pic.twitter.com/XTn1V8EiCv
— Yassine Benzadi (Ù?اسÙ?Ù? بÙ? زادÙ? ) (@BenzBe68064) June 8, 2025
O Ministério das Relações Exteriores de Israel reiterou que o barco transportava “menos de uma carga de caminhão de ajuda” e contrastou isso com as “mais de 1.200 caminhões de ajuda que entraram em Gaza por Israel nas últimas duas semanas”, além da distribuição de quase 11 milhões de refeições diretamente a civis. “Há maneiras de entregar ajuda à Faixa de Gaza — elas não envolvem selfies no Instagram. A pequena quantidade de ajuda que estava no iate e não foi consumida pelas ‘celebridades’ será transferida para Gaza por canais humanitários reais”, acrescentou o ministério.
O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, havia sido veemente em suas declarações antes da interceptação. Ele afirmou que Israel não permitiria que ninguém quebrasse o bloqueio naval do território palestino, que, segundo ele, visa impedir o Hamas de importar armas. “Instruí as IDF (Forças de Defesa de Israel) a agirem para que a flotilha do ódioâ?¦ não chegue às costas de Gaza – e a tomarem todas as medidas necessárias para esse fim”, disse Katz. Dirigindo-se diretamente a Greta Thunberg, ele declarou: “À antissemita Greta [Thunberg] e seus amigos que ecoam a propaganda do Hamas, digo claramente: é melhor vocês voltarem — porque vocês não chegarão a Gaza.”
Em resposta a Katz, os ativistas declararam no domingo: “A declaração do ministro da defesa de Israel é mais um exemplo de Israel ameaçando o uso ilegal da força contra civis — e tentando justificar essa violência com difamações. Não seremos intimidados. O mundo está observando.” A Freedom Flotilla Coalition reiterou seu apelo aos governos do mundo para que exijam a retirada de Israel, afirmando que o país não tem o direito de obstruir seus esforços.
Um vídeo anterior mostrava a Marinha israelense comunicando-se com o “Madleen” por alto-falante, alertando que “a zona marítima perto da costa de Gaza está fechada ao tráfego naval como parte de um bloqueio naval legal” e sugerindo que a ajuda humanitária poderia ser entregue via Ashdod. Ativistas no barco também postaram um vídeo mostrando-se encurralados enquanto um drone pairava sobre eles, pedindo para “soar o alarme”.
The Israeli Navy is currently communicating with the "selfie yacht". Using an international civilian communication system, the Israeli Navy has instructed the "selfie yacht" to change its course due to its approach toward a restricted area. pic.twitter.com/KnSqWrsXU2
— Israel Foreign Ministry (@IsraelMFA) June 8, 2025
Curiosamente, o “Madleen” teria mudado de curso mais cedo na manhã de domingo para responder a um pedido de socorro de migrantes antes de retomar sua rota original para Gaza. Um drone Heron, operado pela Guarda Costeira Helênica da Grécia e desenvolvido pela Israel Aerospace Industries (IAI), teria monitorado a flotilha por duas noites consecutivas.
Já no final da noite deste domingo (horário de Brasília), o Ministério das Relações Exteriores de Israel publica um vídeo mostrando ativistas detidos em um barco com destino a Gaza sendo escoltados pela Marinha israelense até o Porto de Ashdod.
"Todos os passageiros do ‘iate selfie’ estão seguros e ilesos. Eles receberam sanduíches e água. O show acabou", diz o ministério no X.
Anteriormente, o ministério disse que o barco, Madleen, estava sendo rebocado para a costa israelense, que os ativistas seriam deportados e que a "pequena quantidade de ajuda" que ele transportava seria enviada para Gaza.
All the passengers of the 'selfie yacht' are safe and unharmed. They were provided with sandwiches and water. The show is over. pic.twitter.com/tLZZYcspJO
— Israel Foreign Ministry (@IsraelMFA) June 9, 2025