O Papa Francisco não compareceu presencialmente à oração do Angelus na Praça de São Pedro, no Vaticano, neste domingo (30), mas enviou uma mensagem aos fiéis sobre a Quaresma. No texto, o pontífice falou sobre o processo de cura, tanto espiritual quanto físico, e reforçou o pedido pelo fim dos conflitos ao redor do mundo.
Após 38 dias internado devido a uma pneumonia, Francisco recebeu alta na semana passada e segue em recuperação. Há esperança de que ele possa liderar as celebrações da Páscoa, em 20 de abril. Em sua mensagem, o Papa utilizou uma passagem bíblica sobre Jesus e os fariseus para enfatizar a importância do amor e da misericórdia.
“Jesus lhes conta (aos fariseus) a história de um pai que tem dois filhos: um sai de casa, mas depois, tendo acabado na pobreza, volta e é acolhido com alegria; o outro, o filho ‘obediente’, indignado com o pai, não quer entrar na festa”, escreveu Francisco. “Assim, Jesus revela o coração de Deus: sempre misericordioso para com todos. Ele cura nossas feridas para que possamos amar uns aos outros como irmãos.”
O Papa também mencionou sua própria jornada de recuperação. “Eu também estou vivendo isso, na alma e no corpo. Por isso, agradeço de coração a todos aqueles que, à imagem do Salvador, são instrumentos de cura para os outros com suas palavras e com seu conhecimento, com o carinho e com a oração.”
Francisco voltou a clamar por paz e mencionou regiões em conflito: “Confiando na misericórdia de Deus Pai, continuamos a rezar pela paz na martirizada Ucrânia, na Palestina, em Israel, no Líbano, na República Democrática do Congo e em Mianmar, que também sofre muito com o terremoto”, declarou, incluindo ainda um apelo por negociações no Sudão.
Recuperação e preocupação com a saúde
O médico Sergio Alfieri, responsável pelo tratamento do Papa, afirmou no sábado (29) que Francisco apresentou “uma melhora verdadeiramente surpreendente” desde que deixou o hospital Gemelli, em Roma. O pontífice, que enfrentou um quadro grave de pneumonia dupla, chegou a ficar próximo da morte, segundo Alfieri. “Eu o achei muito animado”, relatou o especialista, após visitá-lo na Casa Santa Marta, sua residência no Vaticano.
Apesar da melhora, Francisco ainda se recupera da infecção respiratória e segue recebendo suporte de oxigênio. Ele foi aconselhado a evitar multidões e contato com crianças pequenas para reduzir riscos de novas complicações. A voz do Papa está gradualmente recuperando força, mas sua idade avançada e histórico de problemas pulmonares exigem cuidados constantes.
Embora esteja fisicamente fragilizado, analistas garantem que Francisco segue governando a Igreja com firmeza. “Pode comandar mesmo da cama”, disse o vaticanista Sandro Magister. Seus colaboradores veem sua vulnerabilidade como um reflexo de sua mensagem sobre a dignidade humana e os limites do corpo na velhice. “Nada será tão brilhante como antes”, observou o historiador eclesiástico Alberto Melloni, indicando que a agenda do Papa pode ser adaptada para priorizar sua recuperação.
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