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Quatro Maneiras de Convencer um Homem Teimoso a Ir ao Médico

Homens tendem significativamente menos que mulheres a realizar exames médicos regulares ou marcar consultas com clínicos gerais, uma relutância que pode acarretar consequências fatais.

Por Balança Notícias

13/04/2025 às 21:09:05 - Atualizado há
Foto: Portal Gov.br

Homens tendem significativamente menos que mulheres a realizar exames médicos regulares ou marcar consultas com clínicos gerais, uma relutância que pode acarretar consequências fatais. A história do agrimensor Matthew Black ilustra bem essa perigosa tendência. Há cinco anos, durante o lockdown, ele começou a sofrer de problemas estomacais e perdeu uma quantidade alarmante de peso, caindo de 82 para 68 quilos. “De repente, minhas calças ficaram largas, mas atribuí isso a comer saladas em casa. A última coisa que eu queria era ocupar o tempo valioso dos médicos por causa de uma dor de estômago meio patética. Além disso, e se fosse uma notícia ruim? Eu não queria saber”, relembra ao tabloide britânico The Telegraph.

A apatia e a falta de energia se tornaram constantes. No aniversário de 18 anos do filho, Black, autodenominado “o pai miserável”, acabou indo para a cama cedo. Sua esposa, a contadora Stef, não aguentava mais a situação. A filha do casal, Holly, tomou a iniciativa, colocou o pai no carro e o levou para um check-up no Hospital Royal Free, em Hampstead. Exames de ressonância magnética e sangue revelaram uma obstrução no cólon. Após uma cirurgia de nove horas para remover um tumor de 9 cm por 6 cm, ele passou 11 dias hospitalizado.

Black, hoje embaixador de instituições de caridade contra o câncer de intestino, reconhece a ironia de sua negligência, especialmente considerando que sua irmã, Harriette, havia falecido de câncer pancreático um ano antes, aos 55 anos. “Sendo um cara típico, não achei que pudesse acontecer comigo. Mal sabia eu.” Ele credita a Stef por ter salvado sua vida. “Ela disse: ‘Desculpe te pressionar, mas estou preocupada.’ Mais tarde, participei de um programa de TV com a falecida e maravilhosa Deborah James, onde expliquei que foi Stef quem notou que meu corpo havia mudado. E Deborah disse que os ouvidos dos médicos se aguçam imediatamente quando ouvem que um paciente veio vê-los porque o parceiro está preocupado. Porque eles são o público mais importante.”

Hoje, aos 60 anos, Matthew Black está totalmente recuperado. “A razão pela qual conto minha história é para dizer – por favor, não ignore os sintomas e faça exames regularmente. É estranho dizer isso, mas o câncer me deu uma voz.”

Um estudo de 2022 da farmacêutica Merck revelou que apenas 43% dos homens realizam exames preventivos, em comparação com 61% das mulheres. Embora elas também possam hesitar em buscar ajuda, estatísticas mostram que, em média, homens morrem mais cedo, adoecem em idades mais jovens e desenvolvem mais doenças crônicas. Além disso, têm até 50% menos probabilidade de procurar atendimento médico.

A Barreira do Estereótipo Masculino

Por que essa relutância masculina em cuidar da saúde? Em parte, a culpa reside no estereótipo do homem estoico, que incentiva a autonegação. “Você poderia chamar isso de negligência motivada”, explica Ziyad Marar, autor de “Intimacy” e do futuro “Noticing: How we Attend to the World and Each Other”. O psicoterapeuta Phillip Hodson compara a situação à dificuldade masculina em pedir informações: “Enquanto uma mulher perguntará a todos sobre o caminho para seu destino e chegará lá, um homem prefere continuar perdido a pedir ajuda externa.”

O Dr. Ed Rainbow, clínico geral especializado em saúde masculina, complementa: “Para os homens, isso evoca grande vergonha, e hormônios do estresse são liberados, e então você está muito menos propenso a ser pró-social e se envolver em buscar ajuda.”

Convencer um adulto a cuidar de si mesmo é um desafio. Não se pode obrigá-los a ir ao médico à força. “Os homens geralmente são mais propensos a pensar: ‘Oh, isso vai desaparecer. Se eu trabalhar duro, fizer exercícios, veja o quanto estou bebendo.’ Mas essa não é a maneira certa, obviamente”, alerta o clínico geral semiaposentado Chris Browne. “Como profissionais de saúde, encontramos muitas pessoas que se apresentam muito tarde. Isso se aplica particularmente a qualquer coisa cancerígena, próstata, intestino, estômago, pulmão, e tentamos o tempo todo anunciar como é bom fazer exames. Porque se você está nos 97% das pessoas para quem está tudo bem, é bom saber disso.”

Estratégias para Incentivar a Busca por Ajuda Médica

Especialistas oferecem algumas estratégias para persuadir os homens a marcar aquela consulta crucial:

  1. Reenquadre a Narrativa: O terapeuta Stephen Joseph explica que repreender ou pressionar pode surtir o efeito contrário. Expressar preocupação (“Estou preocupado com você”) e dar espaço para a pessoa falar sobre seus sentimentos, ouvindo ativamente sem oferecer conselhos imediatos, pode ser mais eficaz. “Seja sutil o suficiente para deixar a pessoa chegar à sua própria conclusão”, aconselha Ziyad Marar. “É a psicologia da persuasão. Normalize o comportamento apontando o fato de que seria estranho se eles não fossem ver o médico.” O Dr. Rainbow enfatiza a importância da gentileza. Informações factuais precisas sobre sintomas também podem ajudar a pessoa a tomar a decisão por conta própria.

  2. Reconheça o Medo: O parceiro pode ter vergonha de admitir que está com medo ou nervoso, aponta Phillip Hodson. O Dr. Rainbow observa que alguns homens podem desviar seus sentimentos com humor, mesmo em situações sérias. “Alguns homens não conseguem parar de fazer piadas, mesmo que haja coisas realmente terríveis acontecendo. Essencialmente, é uma forma de tentar lidar com o que está acontecendo – ou não lidar com isso.” É crucial decodificar essas piadas e lembrar da ansiedade subjacente. Frases como “Eu entendo que é difícil arriscar receber uma má notícia. Você é bom em disfarçar, mas sei que está preocupado” podem abrir espaço para a conversa. Tranquilizá-los sobre preocupações financeiras ou com o trabalho também é importante. Foque nos resultados positivos de procurar ajuda médica, em vez de catastrofizar as consequências da negligência.

  3. Destaque a Importância da Família: Matthew Black sugere usar argumentos como “Queremos você por perto. Você tem que ser o pai que estará aqui quando as crianças forem mais velhas.” Evite a culpa (“Você está sendo egoísta” ou “Se você não for ao médico, vou te deixar”), pois ela gera defensividade. Lembre-os de que a saúde deles afeta toda a família. O Dr. Browne aponta que adolescentes também podem ser aliados poderosos, pois muitas vezes notam coisas que não verbalizam. Apelar para o papel masculino de cuidador e provedor também pode ser eficaz: “Como você espera cuidar de mais alguém se não tiver cuidado de si mesmo?”, questiona Marar.

  4. Ofereça Soluções Práticas: Tomar a iniciativa prática pode aliviar a pressão. Agendar uma conversa telefônica com o médico ou marcar uma consulta virtual pode ser um primeiro passo. O Dr. Browne sugere que, em casos de grande relutância, pode-se até mesmo contatar o clínico geral do parceiro para expressar preocupação e solicitar um convite para um check-up. A mensagem discreta do médico pode ser mais bem recebida. Oferecer-se para acompanhar na consulta também pode ajudar. Outra tática é usar o exemplo de amigos que tiveram experiências positivas com exames de rotina. Além disso, liderar pelo exemplo, cuidando da própria saúde e compartilhando seus próprios resultados de exames, pode incentivar o parceiro a fazer o mesmo.

Fonte: COMANDO GERAL
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