O economista e ex-presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, defendeu o congelamento do salário mínimo por um período de seis anos como medida para conter o crescimento dos gastos da Previdência Social, que ele classificou como “assustador”. Fraga participou da Brazil Conference, evento realizado na Universidade Harvard e no MIT, nos Estados Unidos, onde criticou as prioridades do gasto público no Brasil, que considera “completamente erradas”.
“Eu acho que precisa de uma reforma grande. Uma boa já seria, provavelmente a mais fácil, congelar o salário mínimo em termos reais. Seis anos congelados já ajudaria”, declarou 1 Fraga, que presidiu o BC entre 1999 e 2003. O salário mínimo é utilizado como referência para o piso de aposentadorias e outros benefícios sociais, como o abono salarial, o BPC e o Bolsa Família.
Segundo Fraga, a Previdência Social, responsável pelo pagamento de aposentadorias e pensões, enfrenta um desequilíbrio crescente, impulsionado pelo envelhecimento da população e pelas regras atuais. Ele também apontou a necessidade de uma reforma na folha salarial do Estado brasileiro, que inclui funcionários públicos dos três níveis de governo.
“O Estado brasileiro precisa passar por um processo de reforma, o RH do Estado brasileiro, radical. Tem muita gente em funções de liderança [?], em cargos mais elevados do Estado, estão ganhando, em dólar, [?] se ganhar US$ 50.000 [por ano] é muito. Gente que corre um risco tremendo e trabalha feito um louco. Há um espaço enorme para não só economizar, mas para melhorar”, afirmou o economista.
Fraga também criticou os gastos tributários, que representam 7% do PIB, e defendeu a necessidade de aumentar os investimentos públicos, que atualmente estão abaixo de 2% do PIB. Ele comparou o atual marco fiscal a uma “Ferrari correndo a 300 km/h”, prevendo um impacto negativo nas contas públicas.
Armínio Fraga, que declarou voto em Lula no segundo turno das eleições de 2022 e discursou durante a leitura de duas cartas em defesa da democracia, no dia 11 de agosto de 2022, foi presidente do Banco Central durante o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso e é considerado um nome importante da gestão tucana.
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